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Bom Dia, Verônica (3ª temporada, 2024) | Crítica



A Netflix tem se consolidado como um antro de boas produções brasileiras fora do eixo que o grande público está acostumado, entregando séries como Coisa Mais Linda, Cidade Invísivel, e a que é o assunto aqui neste texto que é Bom Dia, Verônica. O seriado é uma adaptação do livro de mesmo nome, escrito por Raphael Montes e Ilana Casoy, e acompanha a escrivã da polícia civil Verônica Torres, investigando por conta própria um crime que a própria polícia não parece estar muito interessada em dar a devida atenção, mas logo Verônica percebe que está diante de uma conspiração muito maior do que ela imaginava.


Como é a primeira vez que falo dessa série por aqui, nada mais justo que dar uma breve analisada nas duas temporadas que antecedem essa. A primeira temporada, de 2020, é de longe, a mais pesada tematicamente, e não que as outras também não sejam, mas essa aqui está níveis acima, especialmente pela violência gráfica como elemento potencializador da angústia do contexto. Noto que nesse início, Verônica age muito como uma orelha, ou seja, assume nosso papel de espectador dentro da trama, fazendo as perguntas que faríamos se estivéssemos na mesma situação. Tainá Muller atua bem, mas penso que suas nuances são melhor exploradas mais pra frente. 

Na primeira temporada, o show fica mesmo por conta de Camila Morgado e Eduardo Moscovis, como o casal Janete e Brandão. A dinâmica entre eles, ao mesmo tempo que gera um sentimento de revolta e angústia pelo que a perversão, é algo quase que hipnotizante, difícil de desgrudar o olho da tela. Há algumas sequências relacionadas a tortura, que seja pela ambientação ou pela fotografia, parecem ter saído diretamente de um filme da franquia Jogos Mortais. As sequências de ação, ainda que no primeiro ano, sejam poucas, são muito bem coreografadas e são eficientes em gerar uma adrenalina necessária a quem assiste. A mensagem anti-violência doméstica é clara, tanto é que todos os episódios terminam com uma mensagem de apoio.


Pulamos para a segunda temporada, de 2022. Como eu disse anteriormente, Verônica logo descobriria que estava diante de uma situação muito maior do que imaginava, e aqui entendemos todo o panorama que a cerca nessa teia de traições e perigo. Temos a adição do novo vilão, Matias, interpretado por Reynaldo Gianecchini, que é claramente uma alusão a líderes religiosos que se aproveitam da fé alheia, promovendo curas milagrosas, enquanto escondem suas más intenções por meio da aura de bom samaritano. Sua atuação é operante, e em breves momentos temos um vislumbre do maior potencial que poderia haver nele. Klara Castanho também dá as caras aqui, e tem um papel bastante importante para o desenvolver da trama, como Angêla, a filha de Matias. 

A temporada já abre com uma grande cena de ação, que já dá o tom do que está por vir ao longo dos episódios. As sequências aqui estão melhor trabalhadas e em maior número. Algo que também destaco é a entrega de Tainá Muller no papel de Verônica. Agora mais à vontade no papel, ela tem mais liberdade para transpor em cena toda a confusão mental que a personagem passa por estar no meio de um cenário tão caótico e devastador, e o perigo é maior ainda pois ela tem muito a perder se não conseguir cumprir seu objetivo.


Chegamos enfim, na terceira e última temporada de Bom Dia, Verônica. O final se divide em três episódios, e isso já é algo que devo dizer que acaba sendo um problema. Tudo acaba se tornando muito apressado, mesmo que os episódios tenham quase a duração de um filme. Talvez a adição de um episódio a mais poderia ter tornado tudo mais satisfatório.

Por outro lado, aqui é onde Bom Dia, Verônica atinge o seu ápice de valor de produção. Existem planos mais arrojados, cenas com um maior apuro técnico. O senso de urgência e seriedade da narrativa é muito alto, e se Verônica anteriormente apresentou para nós uma confusão mental, aqui vemos deslizes de sua fragilidade que acabam custando caro para seus objetivos.

Vamos falar dos novos personagens. O grande destaque fica para Rodrigo Santoro como o principal antagonista da temporada, Jerônimo. Seu personagem gera um interesse quase de imediato, seja pelo seu visual cowboy, ou pela sua forma de agir. Mas, como falei anteriormente, o fato de ter poucos episódios faz com que não tenhamos um acesso maior a tudo que ele poderia proporcionar, mas o pouco que temos, é maravilhoso e nos mostra o alcance sem igual que Rodrigo Santoro tem. Maitê Proença também dá as caras aqui como Diana, mas ela não chega a aparecer muito, o que é uma pena, pois parece que ela tinha muito para acrescentar na trama.

Com tudo posto, pode-se dizer a trama, mesmo que não se aprofunde além do que nos fora apresentado nas outras temporadas, cumpre seu objetivo de fechar a história em uma frequência alta. O terceiro ano da série, apesar de curto, é eficaz em amarrar as pontas soltas que as temporadas anteriores deixam, e entrega um desfecho condizente com a jornada da protagonista.

Nota: 8,5/10


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