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Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021) | Crítica

 

É interessante notar que de uns tempos pra cá, a Marvel está mais cuidadosa ao adaptar narrativas importantes dos quadrinhos para o cinema, e ao mesmo tempo, expandindo seu universo com personagens vindos de culturas diversas. ''Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis'' talvez seja o exemplo mais claro dessa virada de chave do MCU, apesar de mesmo assim, não acertar todas as notas.

O enredo narra o momento em que Shang-Chi (Simu Liu) deve retornar ao seu passado sombrio como aprendiz de assassino para impedir a busca obsessiva de seu pai, o Mandarim (Tony Leung Chiu-Wai), que acredita que sua mãe esteja viva. A premissa inicial do longa é bem simples e objetiva, e com o desenrolar dos acontecimentos, abre ramificações dentro da mística apresentada e em aspectos de extrema importância para vindouros filmes do MCU. A condução da narrativa é firme e trabalha com algumas referências de filmes chineses bastante renomados como ''O Tigre e o Dragão''. O protagonista em si lembra bastante uma versão jovem do astro Jackie Chan, na sua forma de falar e agir.

Mas o maior trunfo de roteiro do longa está em ser um filme de origem diferente dos apresentados anteriores nesse universo, estabelecendo de forma clara o passado do personagem, e apresentando diversos conceitos sem deixar a quem assiste perdido na trama. Há também um grande respeito com a cultura oriental, em seus aspectos tradicionais e folclóricos. Apesar de não entrar com uma grande profundidade nesse quesito, já consegue ser muito melhor do que foi apresentado em filmes como Doutor Estranho (2016).

Dentro disso, também traz referências sutis de elementos característicos de obras artísticas chinesas, como a trilha orquestrada casando com instrumentos musicais típicos da região, e a fotografia que ambienta o espectador em elementos bastante reconhecíveis da arte da China.


Como foi dito anteriormente aqui, a Marvel está cada vez mais preocupada em não desperdiçar personagens e narrativas importantes dos quadrinhos dentro dos filmes, e isso fica exemplificado em Shang-Chi pela aparição do Mandarim, que foi consertado dentro do universo depois do fiasco que foi sua adaptação em Homem de Ferro 3 (2013), havendo até um momento em que isso é relembrado de forma cômica. O resultado passa longe de ser um vilão a ser lembrado nessa franquia, mas é satisfatório de acordo com a proposta do filme.

Um destaque grande desse longa com certeza são as cenas de ação, que além de serem muito bem coreografadas, conseguem fugir do convencional da Marvel, com direções que trazem ângulos e visões bem únicas para momentos pontuais do filme. Um decaimento grande desse quesito é na sequência final, que apesar de fazer sentido com o que é apresentado na história, tenta tornar épico até demais um longa que traz resoluções mais simples.


Os personagens secundários de Shang-Chi são outro ponto alto do filme. Suas personalidades em contraste com a do protagonista trazem momentos que são divertidos na medida certa, e que evocam um sentimento de empolgação ao assistir. Os grandes destaques ficam para Katy (Awkwafina) e Xialing (Meng'er Zhang). 

É importante falar dos aspectos técnicos que compõem o longa, como o ótimo figurino e a direção de arte, que trazem um tradicionalismo forte aliado com elementos urbanos que mesclam as duas maiores ambientações presentes no enredo. Um ponto negativo fica para os efeitos visuais, que claramente não foram muito bem finalizados.


    Shang-Chi é empolgante, com referências fortes a grandes filmes da China, e traz personagens que geram fácil empatia. Apesar de poder ser mais enxuto em alguns aspectos, é um ótimo pontapé inicial para uma Marvel que quer cada vez mais descentralizar as narrativas desse universo, algo que estava cansando a cada longa lançado.

Nota: 8/10

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