Depois de um avanço significativo da narrativa de
Viúva Negra
dentro do universo cinematográfico da Marvel, a integrante feminina original dos Vingadores finalmente ganhou o seu
filme solo, onde voltamos cronologicamente para após os acontecimentos de
Capitão América: Guerra Civil (2016). Dito isso, é importante deixar claro que esse filme não é uma origem da
personagem, pois à essa altura do campeonato, isso seria inviável. O longa
vem para fazer um acerto de contas com o passado, tanto da vingadora com
seus traumas, como da própria Marvel Studios com a personagem, que por muito
tempo, foi vítima de um corte de desenvolvimento narrativo em um infeliz
prol de uma objetificação desnecessária. É uma história simples dentro de um
mundo macro como é o da Marvel, mas o que parece ser benéfico, nesse caso,
prejudica a trama em alguns momentos.
Depois de derrotar, junto de seus companheiros heróicos, deuses nórdicos e
inteligências artificiais, Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) se vê obrigada a fugir de autoridades norte-americanas depois de
descumprir o Tratado de Sokóvia (acontecimentos de Capitão América: Guerra
Civil). Enquanto isso, a espiã russa resolve pôr um fim em fantasmas do
passado que a atormentam desde a infância. Pode soar óbvio, mas é fato que Viúva Negra sofre do atraso de sair em
um momento que não condiz na cronologia na qual o filme se encontra. O
lançamento desse filme em 2016, pós-Guerra Civil, daria mais contexto para o
primeiro ato de
Vingadores: Guerra Infinita (2018). Mas, isso não prejudica ao todo a trama dessa aventura solo da heroína,
que traz uma proposta de ser simples e objetiva, e é justamente isso que
pode deixar um gosto agridoce em quem assiste.
Como já foi dito anteriormente aqui, o filme se baseia em um acerto de
contas, portanto, o escapismo grandioso presente em maioria dos longas da
Marvel Studios, se apresenta aqui de forma mais contida, pois o que
acompanhamos é a jornada da personagem em desatar todos os nós de sua vida,
ou pelo menos, os que são possíveis de se fazer isso. Por muitas vezes, a
trama se torna rasa justamente por tomar como um norte, questões que
não são tão complexas de se resolver, tentando em 2 horas e 13 minutos,
estende-las para caber nesse tempo. Uma duração mais enxuta teria
amplificado mais ainda a agradabilidade e diversão do filme, fatores esses
que funcionam bem.
Natasha divide maior parte do tempo de tela com sua irmã, Yelena Belova (Florence Pugh), que apresenta um contraponto bastante interessante para a protagonista.
Yelena traz consigo, um grande olhar sarcástico para algumas atitudes e
trejeitos da Viúva Negra, o que garante algumas das melhores cenas do filme. O longa ainda tem espaço para trazer um olhar
cético para alguns elementos que tornaram a Viúva Negra, uma personagem
sexualizada por muitos anos no universo cinematográfico Marvel. O filme traz
um aprofundamento de Natasha, deixando claro que ela possui sequelas,
físicas e psicológicas, que vão muito além de um decote exagerado ou um
personagem caindo de cara em seus seios.
O núcleo secundário funciona muito bem em Viúva Negra, pois o início
apresenta de forma bem eficaz, suas personalidades e motivações, que já são
suficientes para seus desenvolvimentos dentro da história. Os pais de
Natasha, Melina e Alexei, interpretados respectivamente por
Rachel Weisz
(A Múmia, A Favorita) e
David Harbour
(Stranger Things, Hellboy), são cativantes, e quando se
juntam à Natasha e Yelena, possuem uma ótima química, entregando diálogos
envolventes entre os quatro personagens. Acompanhá-los junto com o
desenrolar da trama principal deixa um gostinho de quero mais, causando uma
ansiedade para saber se futuramente esses personagens retornarão em outros
projetos da Marvel.
O longa possui dois vilões. O primeiro, Treinador, tem uma presença
semelhante com a de um Nêmesis (vilão do game Resident Evil), sendo
implacável na caçada de Natasha. Apesar de ser silencioso e só ter um
desenvolvimento mais aprofundado próximo do fim do filme, funciona e entrega
boas cenas de ação de confronto com os personagens. O segundo, Dreykov (Ray Winstone) remete aos vilões clássicos da franquia 007, com um jeito caricato de
agir e falar. Não é tão eficaz como o Treinador, mas se encaixa no que a
história exige dele.
Falando de detalhes técnicos, a direção de
Cate Shortland, por mais que funcione em grande parte dos momentos, peca em pôr muitos
cortes nas sequências de ação, tornando algumas cenas confusas de assistir.
A montagem de acontecimentos é a clássica de um filme de espionagem, sendo
confusa propositalmente para enganar a percepção do espectador, trazendo
momentos bastante similares a
Capitão América: Soldado Invernal (2014). A cadência rítmica do filme é boa, dando um ar de espionagem
característico da personagem. O maior defeito de Viúva Negra fica por conta
dos efeitos visuais não muito bem trabalhados, deixando o CGI difícil de
engolir em determinadas cenas.
Viúva Negra não acerta todas as notas, mas é um filme justo para o legado
que a personagem deixa para um promissor futuro onde hajam cada vez mais
filmes de super-heróis que possuam uma representatividade feminina forte
atrelada com histórias cativantes.
7/10
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