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Viúva Negra (2021) | Crítica

 

Depois de um avanço significativo da narrativa de Viúva Negra dentro do universo cinematográfico da Marvel, a integrante feminina original dos Vingadores finalmente ganhou o seu filme solo, onde voltamos cronologicamente para após os acontecimentos de Capitão América: Guerra Civil (2016). Dito isso, é importante deixar claro que esse filme não é uma origem da personagem, pois à essa altura do campeonato, isso seria inviável. O longa vem para fazer um acerto de contas com o passado, tanto da vingadora com seus traumas, como da própria Marvel Studios com a personagem, que por muito tempo, foi vítima de um corte de desenvolvimento narrativo em um infeliz prol de uma objetificação desnecessária. É uma história simples dentro de um mundo macro como é o da Marvel, mas o que parece ser benéfico, nesse caso, prejudica a trama em alguns momentos.


Depois de derrotar, junto de seus companheiros heróicos, deuses nórdicos e inteligências artificiais, Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) se vê obrigada a fugir de autoridades norte-americanas depois de descumprir o Tratado de Sokóvia (acontecimentos de Capitão América: Guerra Civil). Enquanto isso, a espiã russa resolve pôr um fim em fantasmas do passado que a atormentam desde a infância. Pode soar óbvio, mas é fato que Viúva Negra sofre do atraso de sair em um momento que não condiz na cronologia na qual o filme se encontra. O lançamento desse filme em 2016, pós-Guerra Civil, daria mais contexto para o primeiro ato de Vingadores: Guerra Infinita (2018). Mas, isso não prejudica ao todo a trama dessa aventura solo da heroína, que traz uma proposta de ser simples e objetiva, e é justamente isso que pode deixar um gosto agridoce em quem assiste.


Como já foi dito anteriormente aqui, o filme se baseia em um acerto de contas, portanto, o escapismo grandioso presente em maioria dos longas da Marvel Studios, se apresenta aqui de forma mais contida, pois o que acompanhamos é a jornada da personagem em desatar todos os nós de sua vida, ou pelo menos, os que são possíveis de se fazer isso. Por muitas vezes, a trama se torna rasa justamente por tomar como um norte, questões que não são tão complexas de se resolver, tentando em 2 horas e 13 minutos, estende-las para caber nesse tempo. Uma duração mais enxuta teria amplificado mais ainda a agradabilidade e diversão do filme, fatores esses que funcionam bem.

Natasha divide maior parte do tempo de tela com sua irmã, Yelena Belova (Florence Pugh), que apresenta um contraponto bastante interessante para a protagonista. Yelena traz consigo, um grande olhar sarcástico para algumas atitudes e trejeitos da Viúva Negra, o que garante algumas das melhores cenas do filme. O longa ainda tem espaço para trazer um olhar cético para alguns elementos que tornaram a Viúva Negra, uma personagem sexualizada por muitos anos no universo cinematográfico Marvel. O filme traz um aprofundamento de Natasha, deixando claro que ela possui sequelas, físicas e psicológicas, que vão muito além de um decote exagerado ou um personagem caindo de cara em seus seios. 


O núcleo secundário funciona muito bem em Viúva Negra, pois o início apresenta de forma bem eficaz, suas personalidades e motivações, que já são suficientes para seus desenvolvimentos dentro da história. Os pais de Natasha, Melina e Alexei, interpretados respectivamente por Rachel Weisz (A Múmia, A Favorita) e David Harbour (Stranger Things, Hellboy), são cativantes, e quando se juntam à Natasha e Yelena, possuem uma ótima química, entregando diálogos envolventes entre os quatro personagens. Acompanhá-los junto com o desenrolar da trama principal deixa um gostinho de quero mais, causando uma ansiedade para saber se futuramente esses personagens retornarão em outros projetos da Marvel.


O longa possui dois vilões. O primeiro, Treinador, tem uma presença semelhante com a de um Nêmesis (vilão do game Resident Evil), sendo implacável na caçada de Natasha. Apesar de ser silencioso e só ter um desenvolvimento mais aprofundado próximo do fim do filme, funciona e entrega boas cenas de ação de confronto com os personagens. O segundo, Dreykov (Ray Winstone) remete aos vilões clássicos da franquia 007, com um jeito caricato de agir e falar. Não é tão eficaz como o Treinador, mas se encaixa no que a história exige dele.

Falando de detalhes técnicos, a direção de Cate Shortland, por mais que funcione em grande parte dos momentos, peca em pôr muitos cortes nas sequências de ação, tornando algumas cenas confusas de assistir. A montagem de acontecimentos é a clássica de um filme de espionagem, sendo confusa propositalmente para enganar a percepção do espectador, trazendo momentos bastante similares a Capitão América: Soldado Invernal (2014). A cadência rítmica do filme é boa, dando um ar de espionagem característico da personagem. O maior defeito de Viúva Negra fica por conta dos efeitos visuais não muito bem trabalhados, deixando o CGI difícil de engolir em determinadas cenas.


Viúva Negra não acerta todas as notas, mas é um filme justo para o legado que a personagem deixa para um promissor futuro onde hajam cada vez mais filmes de super-heróis que possuam uma representatividade feminina forte atrelada com histórias cativantes.


7/10


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