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Rua do Medo : 1994 - Parte 1 (2021) | Crítica

 



Em 1994 o slasher estava experimentando sua derrocada. Nas décadas anteriores devido à popularidade do subgênero, houve uma grande repetição de formulas que levou a baixa desses filmes no início dos anos 90, que só seria revitalizado com a estreia de Pânico em 1996. E surfando nessa onda nostálgica, Rua do Medo: 1994 recaptura a essência do slasher sobrenatural mais clássico como uma carta de amor que remete à época do título. Porém, essa escolha traz suas consequências, tanto para o bem quanto para o mal.

Rua do Medo: 1994 faz parte do projeto da Netflix em lançar uma trilogia de filmes de horror por semana, sendo este o primeiro volume de três. E como primeiro volume, o filme constrói uma narrativa que não se conclui em si. Ao final, o projeto funciona mais como uma série de três episódios longos (assim como as temporadas de Sherock BBC) o que como filme, retira boa parte de seus trunfos já que o roteiro se constrói com algo faltando. Apesar de ser uma experiência satisfatória, o filme não entrega algo completo o que reforça ainda mais a similaridade com um episódio de serie de TV (só que bem maior).



A história se passa em Shadyside, uma cidade pequena conhecida como a capital do assassinato devido ao grande número de mortes violentas e chacinas, que muitos moradores atribuem a uma maldição lançada por uma bruxa. Após mais uma série de mortes brutais que aconteceram no shopping da cidade, um grupo de adolescentes se veem no centro da maldição, o que os leva a fugirem de maníacos assassinos zumbis que antes foram protagonistas dos massacres mais conhecidos de Shadyside.

A história é um prato cheio para quem procura referências a grandes franquias de horror dos anos 80 como Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo, Acampamento Sinistro, Halloween, Dia dos Namorados Macabro e até mesmo Pânico que não participa dessa leva de filmes, mas também entra no grupo de homenagens, principalmente na cena inicial que tem inspiração total no icônico primeiro momento de Pânico de 1996. Essa grande quantidade de homenagens faz com que o filme não tenha uma identidade própria, sempre se agarrando à coisas que já foram feitas ou referenciando – de forma até bonita – outros grandes filmes slashers (preocupação essa que sustenta a franquia pânico muito bem, mantendo a originalidade dos filmes sem perder a homenagem). Ao fim, se tiramos as homenagens, pouca coisa sobra de Rua do Medo:1994.



O mesmo pode ser dito das protagonistas Deena (Kiana Madeira) e Sam (OliviaWelch) que entregam atuações entre medianas e ruins e pouco fazem para manter um elo de simpatia com o público, nos fazendo torcer pela sua sobrevivência. Os destaques ficam para o elenco de apoio Kate (Julia Rehwald) e Simon (Fred Hechinger) que é muito mais interessante do que o núcleo principal e entregam maior sensação de medo e perigo do que os outros personagens. O resto do elenco é esquecível e dispensável. O roteiro demora a engatar as situações e romances do elenco, que quando ocorre já é algo que não mais importa diante do perigo eminente da situação.

Mas se há uma coisa que Rua do Medo: 1994 faz bem, essa é a fotografia. O filme aposta em um visual soturno e ao mesmo tempo colorido que nos remete à estética retro dos anos 90, o que nos faz imergir com muita facilidade no universo de Shadyside e até mesmo sua cidade vizinha, a ensolarada Sunnyvalle. Esse fator puxa com muito louvor também a ambientação causada pelos aspectos culturais dos anos 90 que vamos reconhecendo ao decorrer do filme: músicas, locadora de filmes, VHS, walkmens, cds e outras marcas registradas desse momento da cultura pop.



Apesar dos escorregos de tramas e atuações o filme não falha em entregar o que promete. As cenas de perseguição são intensas, com ritmo marcado na trilha sonora (clássico de slashers) e as mortes são brutais. O que pesa para esses momentos são as repetições de clichês já usados no mesmo filme diversas vezes e a falta de criatividade nas mortes, com exceção de uma que envolve um triturador de carnes.

Ao fim, Rua do medo: 1994 diverte, mas não reinventa a roda, o que traz consigo momentos cativantes para os fãs do gênero e os mesmos erros que no início da década de 90 ocasionou o declínio do gênero: sustos repetidos e falta de originalidade. Devido a falta de filmes do mesmo gênero no cinema, não é algo que o desmerece por completo. No mais, Rua do Medo: 1994 parece um primo comum da franquia Sexta-Feira 13, com mais orçamento, fotografia bacana e bastante vontade de enaltecer o primo famoso e os amigos dele.

NOTA: 5,0

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