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Rua do Medo: 1978 - Parte 2 (2021) | Crítica

 

Adolescentes, acampamento e um assassino à solta. Com certeza você já viu esse filme e se não viu, conhece algum. Um dos subgêneros mais celebrados do slasher, o massacre em acampamentos ficou muito popular nos anos 80 com Sexta-Feira 13 e teve diversos similares, cujo foco não está em oferecer uma grande obra da sétima arte e sim replicar com sucesso clichês cujos fãs desse tipo de filme amam assistir. E “Rua do Medo: 1978 – Parte 2” entrega quase que com perfeição tudo isso, deixando para trás tudo o que o seu antecessor pecou em execução.

A história do filme começa na busca por respostas para o problema apresentado no arco final de 1994, que nos leva para o ano de 1978 no acampamento Nightwing, outro massacre promovido pelas forças diabólicas da bruxa Sarah Fier em Shadyside. E começamos logo na resolução de um problema deixado pelo primeiro filme, pois dessa vez, essa sequência não parece um episodio de série prolongado e sim um filme próprio que se sustenta com início, meio e fim, por mais que necessite da existência do primeiro para que o argumento exista. Porém essa dependência não causa a sensação de falta, pelo contrário, já que até mesmo o arco iniciado pela metade no começo da narrativa encontra conclusão.

Toda preocupação com a estética visual do primeiro filme também é descartada para dar lugar a uma fotografia que se adequa a história e ao estilo de filme que estamos assistindo, mais centrada em tons terrosos e com destaque a locais isolados pelo escuro. Há uma grande sensação de solidão e espaços escuros separando os ambientes comuns o que aumenta a margem de perigo que pode estar em todos os lugares. Um grande ganho dessa mudança é que o filme não precisa se esforçar para sinalizar que está na década de 70, enchendo o roteiro de exibicionismos baratos para se afirmar como um filme retrô. A trama se passa nos anos 70 e é isso, todos os elementos que por ventura são característicos dessa época estão lá de forma natural na trama.

Os protagonistas, que são outro ponto baixo do filme anterior, nessa sequência são muito mais carismáticos, bem escritos e apresentam uma atuação melhor também. A trama foca nas irmãs Cindy e Ziggy Berman (Emily Rudd e Sadie Sink) que tem características opostas. Enquanto Cindy faz seu melhor para estar longe dos estereótipos de Shadyside, Ziggy é impulsiva e uma alma rebelde. E não apenas em personalidade, as personagens apresentam mais substância em suas motivações tendo camadas que vão sendo descobertas conforme a história avança e necessita que suas motivações sejam esclarecidas. Isso também ocorre com os personagens de apoio que continuam ótimos e tão interessantes quanto as protagonistas, como Alice (Ryan Simpkins), amiga de Cindy, e o futuro xerife Nick Goode (Ted Sutherland), que aparece em sua versão mais velha no primeiro filme.

Por fim, as cenas de horror continuam sendo o ponto alto da franquia. Dessa vez, o filme não precisa se reafirmar o tempo inteiro em referências à outros filmes de horror e caminha bem com as próprias pernas quando o assunto em causar medo e sustos genuínos. As cenas de assassinato são ainda mais brutais, por mais que em sua maioria sejam muito rápidas, porém eficazes. As homenagens são bem mais bem feitas do que em 1994, com destaque a cena que referência o clássico “Carrie – A estranha”.

Outro ponto alto é o serial killer. Ao estabelecer uma única ameaça, o filme ganha em tratar melhor o personagem em sua abordagem assassina que o confere um ar ainda mais ameaçador. O visual, mesmo sendo um descaradamente copiado da estética de Jason Voorhees em “Sexta-Feira 13 –Parte 2” é eficiente em ser uma imagem assustadora e o trabalho de atuação corporal McCaleb Slyter como jovem possuído pela entidade maligna é muito bom.

Os pontos baixos ficam pela conclusão apressada tanto ao fim do momento em 1978, que não incomoda tanto, quanto pelo retorno da história ao ano de 1994. Esse “segundo” final desaponta ainda mais do que a conclusão da história do acampamento Nightwing por ser simplista e rápido demais. Em menos de 2 minutos, o grande desafio de ambos os filmes é reduzido a uma atividade simples que não apresenta nenhuma dificuldade e nem rende sequer um único momento assustador.

“Rua do Medo: 1978 – Parte 2” é assustador, violento, divertido, interessante e consegue satisfazer os fãs de slasher de acampamento e o público geral com sagacidade e qualidade em quase tudo que executa. Com facilidade um dos melhores filmes de terror do ano ao equilibrar de forma muito satisfatória as homenagens sem deixar de ser um filme com uma alma própria por mais que esta alma esteja condenada por Sarah Fier.

Nota: 8,5/10

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