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Friends: The Reunion (2021) | Crítica

 

O tempo passa, o tempo voa, e o elenco de Friends continua numa boa... ou quase isso. Já se passaram 17 anos desde o fim do seriado de enorme sucesso que acompanhava a vida do sexteto de amigos enfrentando problemas do cotidiano na caótica cidade de Nova York, e desde então, havia um clamor muito grande para que de alguma forma, os personagens estivessem juntos novamente para fazer um episódio que continuasse a trama, ou até mesmo um filme, como foi o caso da sitcom Sex And The City. Em 2020, a Warner Bros finalmente anunciou a tão aguardada reunião de Friends, que por conta da pandemia de COVID-19, sofreu atrasos em sua gravação, até ser lançada em 2021, pelo streaming HBO Max. O resultado final pode não agradar tanto os fãs da série, mas podemos dizer que isso é ''culpa'' de três principais fatores: Expectativas, decisões criativas e o próprio elenco.


Friends: The Reunion se apresenta de duas formas. A primeira, com o elenco se encontrando no estúdio onde a série foi gravada, observando detalhes dos cenários, conversando sobre a vida, momentos dos bastidores, relembrando cenas. Acontece até um momento parecido com o quiz do apartamento, onde dessa vez, o intérprete de Ross, David Schwimmer, faz perguntas relacionadas a momentos marcantes da série, havendo participações de atores que integravam o núcleo secundário da série, como Tom Selleck (Richard) e Larry Hankin (Mr. Heckles). 

Esse primeiro segmento funciona bem pois descobrimos algumas curiosidades sobre a série que até então nunca foram reveladas, além de revisitarmos cenários icônicos, como os apartamentos de Monica e Joey, além da cafeteria Central Perk. Há também alguns breves momentos nos quais todo o elenco lê roteiros de momentos marcantes do seriado, interpretando novamente, de uma maneira mais contida, seus personagens. Esse segmento dá um toque documental para o especial, pois assim como quem viu o programa se habituou a acompanhar intimamente cada momento da vida de cada um deles, agora estamos de certa forma, revendo amigos que não víamos há muito tempo, algo que é notável até mesmo por parte deles mesmos, que ficam visivelmente emocionados ao estarem todos juntos novamente.


 O segundo segmento de Friends: The Reunion, destaca o impacto cultural que Friends teve tanto em seu público geral como em celebridades. Há depoimentos que vão desde atores (Kit Harigton, Mindy Kaling) até mesmo ex-jogadores de futebol (David Beckham). O trio de criadores da série (Marta Kauffman, David Crane e Kevin Bright) também se faz presente, revelando as origens que levaram até a criação de Friends, assim como o processo de audição do elenco principal, ressaltando o aspecto documental presente no especial. É nesse segundo segmento que se tem o que impede o especial de ser excelente em sua proposta. Quando se amplia a visão intimista de ver o elenco ''exorcizando demônios'' e rindo de suas experiências, para uma visão desnecessariamente apoteótica dando espaço para celebridades roubarem a cena, traz um sentimento de que é algo interessante, mas que não agrega em muito para o que o especial de Friends se propõe a ser (o que dizer daquele coral na esquete de Smelly Cat ?). 


A montagem de acontecimentos do especial se torna confusa justamente por intercalar esses dois segmentos em uma coisa só. Era bastante cabível o primeiro segmento ter sido produzido pensado como um documentário destacando a origem e bastidores da série, assim como o segundo segmento facilmente poderia ser um programa especial de talk show. Ambas as propostas seriam bastante harmoniosas e teriam a mesma essência de destacar a importância de Friends para a história das séries de TV. Nunca passou pela cabeça dos criadores de Friends e nem do elenco de existir um episódio cânone dando continuidade aos acontecimentos do seriado, pois entendem que a conclusão foi suficiente para fechar aquele ciclo dentro dos personagens. Dentro do próprio especial há uma fala de Lisa Kudrow falando justamente sobre isso. Soa redundante uma produção sobre Friends reunir seu elenco e gastar muito tempo falando da influência midiática do seriado.

Apesar de tudo, momentos isolados do especial são bastante satisfatórios e acalentadores para quem é de fato um grande fã de Friends. As leituras de roteiros mostrando cenas dos episódios são boas, assim como momentos em que os seis assistem a erros de gravação. As filmagens de bastidores são, além de filmagem inédita, uma forma de viajar no tempo para o auge daquele momento que o elenco viveu. Algo importante de falar é a boa vontade dos seis em estarem ali. David Schwimmer, Matt Leblanc, Jennifer Aniston, Lisa Kudrow, Courteney Cox e Matthew Perry nunca deixaram de estarem presentes na mídia, mas por terem seguidos caminhos distintos dentro do audiovisual, uma reunião com o tempo passou a ser cada vez mais distante de existir. É muito bonito vê-los juntos revirando o grande baú de memórias de Friends, e é mais bonito ainda notar que o sentimento de amor e fraternidade entre todos ainda é muito presente e sincero.


Friends: The Reunion passa longe de ser o que os fãs gostariam que fosse, mas isso de certa forma se relaciona com os acontecimentos da trama da icônica série. Assim como nós, os seis personagens erram, aprendem, amam, se decepcionam, o que provoca sentimentos mistos em quem assiste, sensação novamente evocada no especial, mas muitas vezes entregue mais pela proposta descompensada do que de forma natural como a sitcom fazia.

NOTA: 6/10 

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