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Malcolm & Marie (2021) | Crítica

 

Malcolm (John David Washington) é um diretor de cinema em ascensão. Marie (Zendaya) é uma atriz em decadência. Durante uma madrugada, o relacionamento do casal é colocado à prova quando atritos profissionais e pessoais se entrelaçam e são expostos. Além da trama envolvendo o casal, o longa também aborda a relação entre artista e crítica, com alguns comentários reflexivos, mas essas são duas pontas que não se conectam bem narrativamente.

A primeira coisa que chama a atenção em Malcolm & Marie com certeza é seu visual. Trazendo uma fotografia em preto e branco, essa estética não possui apenas um sentido visual, como também complementa a trama, demonstrando a densidade que está pairando entre o casal. A arquitetura da casa onde a história é ambientada passa um aspecto teatral para o filme, que também demonstra esse aspecto na direção de Sam Lewinson, que sempre aposta em ângulos com um ponto de vista de fora da casa, fazendo o espectador ter uma sensação de que está em uma platéia, acompanhando aquela história ser contada em vários atos isolados. É interessante ressaltar que esse filme foi gravado poucos meses após o início da pandemia de Covid-19 no mundo e indiretamente o filme passa essa sensação de isolamento, tanto com o mundo exterior, como entre os personagens.

O roteiro oscila entre momentos de discussões e reconciliações entre os personagens, mas também há espaço para fazer breves pontuações acerca do trabalho do crítico de cinema (eita!). O ponto negativo é que o longa não estabelece um bom equilíbrio entre essas temáticas, pois os elementos são trabalhados em extremos. Quando tudo parece estar se normalizando, novamente as brigas ressurgem de forma bastante brusca, com fortes agressões verbais entre os dois. Isso acaba prejudicando a cadência rítmica do filme e passando uma impressão de que a história é rasa, por se estender até demais em certos diálogos. Os poucos momentos em que há revelações sobre os passados de ambos não mostram se aquilo realmente é totalmente verdade ou se é apenas algo dito na impulsividade durante as discussões. 

O filme faz observações sobre as análises que alguns críticos fazem de um filme e a forma como eles tentam achar significados muitas vezes inexistentes dentro de uma obra. Ao mesmo tempo, dentro da trama existe uma autocrítica pois os personagens acabam por reproduzir alguns dos clichês que eles mesmos reclamam.

A química entre John David Washington e Zendaya funciona, mas suas atuações são um pouco exageradas em determinados momentos, de modo que fica um pouco difícil de tentar compreender os argumentos de cada um. Malcolm passa um sentimento de confiança e um ego bastante inflado por seu filme estar sendo bem recebido, enquanto Marie aparenta usar a agressividade para se fechar e não demonstrar sua grande fragilidade, proveniente de seu passado problemático. O silêncio fala bastante no longa, gerando um sentimento do distanciamento emocional no qual os personagens estão passando e revelando um pouco sobre a personalidade cada um.

Malcolm & Marie apresenta uma boa premissa, mas que não encontra um bom equilíbrio no que pretende abordar. É um deleite estético e se torna interessante assistir para analisar o comportamento apresentado pelos personagens durante seus confrontos.
6/10

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