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Mulan (2020) | Crítica

 


A tendência da Disney em fazer remakes em live-action de clássicos da empresa trouxe ambos os opostos, de grande sucesso de público e crítica, até mudanças polêmicas no material original que deram o que falar. Como uma forma de agradar o emergente e lucrativo mercado chinês de cinema, veio uma nova versão para Mulan, que resolveu apostar em uma maior seriedade, deixando um pouco de lado os alívios cômicos que existiam na animação. 


Na trama, Fa Mulan (Liu Yifei) foge de seu vilarejo para lutar no lugar de seu pai em uma guerra do império contra uma ameaça misteriosa. Para isso, cria uma persona masculina, tendo que manter o disfarce constantemente. Como dito anteriormente, essa nova versão resolveu apostar em uma trama mais focada na guerra, sendo assim, mais séria. Dito isso, podemos dizer que a dosagem de seriedade para o remake não foi muito bem equilibrada, visto que o filme original tinha um intuito de agradar um público mais infantil. Como uma decisão criativa, os momentos musicais presentes na animação foram descartados, dando lugar a mais momentos de treinamento de Mulan e seus companheiros de batalha antes da guerra. Entretanto, o que era pra ser uma brecha para algo que desenvolvesse mais a personagem e os coadjuvantes, se mantém na zona de conforto, de forma que o roteiro permanece no raso, sem arriscar bastante em inovações.



Por mais que o filme foque as atenções quase que inteiramente em Mulan, há certos momentos para mostrar um pouco dos coadjuvantes. Nesse aspecto, a escolha de elenco funcionou bastante e se encaixou com os personagens. Os destaques ficam para Donnie Yen como o Comandante Tung, Tzi Ma como Fa Zhou, e Li Gong interpretando Xianniang. O que o filme peca em personagens secundários é justamente na falta de entendimento sobre as motivações do vilão Bori Khan (Jason Scott Lee), cujo o filme não se aprofunda muito, tornando sua figura até um tanto quanto caricata.


Em relação às escolhas técnicas, os enquadramentos nos momentos de ação não são muito bem coordenados, e a direção usa e abusa do recurso de slowmotion, que depois de certo tempo, torna-se repetitivo e sem agregar nada à emoção que a cena pede. A direção artística entrega uma China feudal bastante fiel, atrelada com uma estética fantasiosa, típica de uma produção Disney. Os figurinos também não deixam a desejar, não se assemelhando diretamente ao material original, mas possuindo certas homenagens. Já que o assunto é homenagens, existem muitas referências à animação de 1998, como cenas exatamente iguais, e pequenos trechos na trilha sonora que remetem às canções que ficaram de fora. 


Outro problema é a pressa do roteiro em momentos-chave que deveriam ser mais longos, por se tratarem de partes que pra protagonista, trazem alguma mudança. Diferente do original, onde Mulan passa por diversas provações para entender seu real valor, aqui não fica muito claro quais mudanças ela teve durante sua jornada, podendo-se até ter uma impressão de que Mulan termina o filme exatamente como começou.


Dito tudo isso, pode-se dizer que o remake de Mulan não agrega em muito ao original, mas mesmo assim, consegue entreter em alguns momentos, mas para isso, deve-se esquecer por um momento da animação, pois o filme está longe de querer parecer com o material que lhe inspirou. Tem-se uma impressão de que a Disney, após ver o sucesso comercial de seus primeiros remakes, tenta replicar o mesmo arquétipo em todas as suas obras, mas cada uma segue caminhos diferentes, tendo que haver, portanto, uma diferenciação para trazer mais originalidade aos filmes, ao mesmo tempo, respeitando as inspirações.

6/10

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