A
ficção científica possui diversas variações. Dentro do gênero, existem muitas formas diferentes de abordar a mesma temática, seja de forma mais frenética com
ação, ou de forma mais introspectiva, as abordagens são bastante
diversificadas. O novo filme da Amazon, A Vastidão da Noite, utiliza de uma
ambientação minimalista para contar uma história muito baseada no som e no
poder da comunicação. A
trama acompanha a dupla Fary Crocker (Sierra McCormick) e Everett (Jake Horowitz), respectivamente uma telefonista e um locutor de rádio, que após ouvirem
um estranho sinal vindo de uma frequência sonora, resolvem investigar a origem
desse som.
A
ambientação, por mais que não seja o grande foco da narrativa, é bem competente
em retratar a década de 50, havendo até algumas homenagens aos estilos de
programas que eram consumidos naquela época. A referência mais óbvia é ao
seriado Twilight Zone, série de TV de distopia que é influente até os dias
atuais, tendo inclusive, ganhado um remake recente, apresentado por Jordan Peele (Corra, Nós).
Sobre
referências, o diretor, Andrew Patterson, parece ter bebido de diversas fontes clássicas
do Sci-Fi, tornando o filme um pouco nostálgico em vários aspectos, mas mesmo
assim, possuindo uma linguagem própria. Esse foi seu filme de estreia e com bastante
competência, causando uma curiosidade no que ele pode vir a trazer em suas
próximas obras.
Apesar
do filme se focar mais em diálogos, nos momentos em que é necessário um ritmo
mais acelerado, a direção opta por cortes mais rápidos, o que só aumenta a
nossa angústia assistindo, pois nós, assim como os personagens, também estamos
tentando assimilar o que está acontecendo.
Em
muitos momentos, temos a presença exclusivamente do som, aonde a imagem sai por
um momento, para que junto com os personagens, vamos interpretando as
informações que vão sendo assimiladas. Como temos a forte presença da comunicação
na história, essa forma de desenvolver a trama foi bastante interessante. A
construção de tensão é muito bem construída, e de forma bem sútil, sem precisar
de muito para causar essa sensação.
A dinâmica
entre Sierra e Jake funcionou muito bem, trazendo atuações um tanto quanto teatrais, fazendo homenagens ao estilo de interpretação que programas radiofônicos da década de
50 traziam. A interação entre eles funciona bem até quando não estão juntos no
mesmo ambiente, onde se comunicam apenas com a voz.
Podemos
dizer que o filme utiliza da escuridão e o senso de vazio presente na cidade
para aumentar ainda mais o clima de mistério e de dúvida, o que claramente é
uma economia de recursos por parte da produção, mas que veio bem a calhar, pois
serviu como um recurso visual e narrativo bastante interessante.
Mesmo
que a premissa pareça bem simples, A Vastidão da Noite cria um clima de tensão
muito bacana, que faz a gente querer saber mais sobre o que está por vir na
trama. Um exemplo de como fazer um bom filme com pouca grana.
8/10
0 Comentários