Há muitos anos, Martin Scorsese revelou publicamente a produção de um épico de máfia envolvendo grandes figuras presentes em seus filmes. O filme se chamava O Irlandês, porém, a obra só começou a tomar forma em 2017, encontrando morada na Netflix, que abraçou o projeto e deu tudo que fosse necessário para Scorsese. Dois anos depois, o filme finalmente foi lançado na plataforma, e logo nos primeiros minutos de O Irlandês, podemos entender o porque de Martin Scorsese ter produzido o filme com tanta cautela e paciência.
O longa acompanha a trajetória de Frank Sheeran, ex-veterano de guerra, em uma jornada de ascensão, queda, intrigas e morte. A narrativa é perfeitamente conduzida, o que justifica o tempo de duração do filme, que foge totalmente do convencional da atual indústria do cinema. Scorsese não se apressa ao contar a história, deixando o espectador refletir no seu tempo sobre os acontecimentos mostrados na trama. Vale lembrar que a história tem base em acontecimentos reais, assim como os personagens.
Como já mencionado anteriormente, O Irlandês já impressiona nos primeiros minutos, com uma técnica de direção impecável, um roteiro bem elaborado e atuações incríveis. Esse último quesito, não podia deixar de ser obrigação do filme, já que conta com grandes estrelas de filmes que envolvem máfia, como o trio principal, composto por Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci.
O maior destaque de atuação, sem dúvidas, fica para Joe Pesci. O ator estava aposentado há mais de 10 anos, e retornou somente para esse papel e por confiança em Scorsese. Pode-se dizer que foi um retorno incrível, já que Pesci entregou, possivelmente, a atuação mais visceral de sua carreira. Absolutamente fenomenal.
No sentido técnico, o filme é um show a parte. Direção, fotografia, edição e trilha sonora estão em perfeita harmonia, o que só aumenta a grandeza da obra. Se for para apontar algum defeito no filme, pode-se dizer que o filme peca um pouco em se alongar desnecessariamente em algumas cenas.
O Irlandês era um projeto ambicioso desde o início. Juntar um elenco recheado de estrelas, junto com um dos diretores mais renomados da história do cinema, parecia impossível. Mas, apesar da demora, o que foi entregue é uma aula de como fazer um bom filme. Requer uma certa paciência por conta do tempo de duração, mas uma vez que essa barreira é superada, o que se vê é uma obra cinematográfica do mais alto calibre (sim, a última palavra faz referência à violência da obra, rs.)
9,5/10






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